Como um caminheiro de fé, esperando encontrar a cura de seus males de corpo ou alma, caminho, sem destino, esperançado no seu alvo….
Levo farnel comigo, carrego àgua fresca, e também adereços teus, para que eu não corra o risco, de que pelo cansaço me distraia e por ti passe sem ver os olhos teus!.
A espaços olho tua foto, lutando por te memorizar, não vá a memória me atraiçoar…. já faz bom tempo que não vejo o teu olhar.
A cada instante paro..., procuro recuperar do esforço lombar, de te carregar e nem sequer te poder olhar. Sinto os pés ferver, os joelhos querendo dobrar, mas eu teimoso….não quero abrandar!!!.
Observo tua foto, tento reconhecer tua face, sentir o teu sorriso, e fixar teu olhar, e às vezes num acto tolo, me perder demoradamente te…… beijar!!!... como se ali estivesses a olhar.
Não me importo, o que pensam os que por mim passam, e a cada comentário que me façam, eu simplesmente digo….
Estarei louco? Não sei, mas sempre ouvi dizer …”De tolo e louco….todos nós temos um pouco!!!”, e mesmo tolo, ou louco eu procuro…., de que me serve a sanidade se te não encontro?
Eu peregrino até ti, não sei quanto ainda falta, mas não questiono, porque a fé move montanhas, e eu pobre coitado… tantas já tirei do meu caminho.
Por vezes dou por mim, enquanto caminho, de olhos fechados, te vendo nos locais de peregrinação que por amor fizemos….!!!. Choro frequentemente, o desgosto invade meu peito, mas eu resistente-amor, não desisto porque antes louco…, que sem amor!.
Minha aparência, não deve ser das melhores, o esforço é grande, e as noites são longas, o sono teima em não voltar…., há insónia amiga, porque não me queres deixar?!!!
Sabes insónia, a tua prima saudade, se juntou a irmã angustia para fazer uma maldade….querem as três o amor matar!!!.
Por isso, “fujo” delas, caminho apressadamente, não querendo que me alcancem, estou temendo perder.
Quando lá chegar, nessa peregrinação longa, espero ver o altar onde possa colocar o amor que carrego…para logo deixar que tu Beatriz, o pegues de mansinho e o possas conservar.
Por vezes fico cego, noutras caio, e em outras choro…, mas não desisto, porque se for fácil, não há sacrifício, e a peregrinação não vale. Tudo deve ser ofertado, desde que sofrido.
Amarrotadas, as fotos, eu olho…., uma e outra e mais outra….procurando materializar-te numa tentativa vã, qual alquimista de amor, querendo tolamente te tocar.
As mãos passo na tua face plana de uma foto exemplar, procurando as saliências de outros tempos, e me detenho com o indicador nos teus lábios que simulo beijar.
Sinto por vezes, talvez de loucura esteja a falar, que tu comigo falas, mesmo sem que teus lábios mexam, e vejo teus olhos chorar.
Esta peregrinação é longa, só o amor me faz caminhar, já que mal me posso alimentar…
Caminho para o lugar de Beatriz, que fica algures, para lá daqueles montes, num continuo ondular.
Pela noite, quando a frialdade caí, e o sol se muda, eu me encosto no tronco amigo da árvore de circunstância que sempre me acompanha, e de cabeça caída, de pernas alongadas, encosto em meu peito as fotos amachucadas.
O choro vem, as lágrimas soltam-se, mas logo aproveito para a face refrescar, afinal para que serve chorar? Não será só dor, amor liquido brotando das janelas da alma…, será também o maná dos desterrados, o alimento dos tristes, a força dos amados, que atravessando o deserto da vida, dos afectos….encontram nesse liquido o maná que sempre alimenta os caminheiros, lhe dá a força e os hidrata de tamanha canseira.
Umas vezes sobe este caminho, para noutras descer, mas curioso o esforço sempre está a aumentar, mais parecendo sempre subir.
Talvez a febre tenha tomado conta de mim, talvez eu esteja a delirar, mas meu Deus….eu não quero parar!.
Sinto a paz do cajado, do suporte que me ampara, rompido na base de tanto bater no empedrado, mas feliz no objectivo de chegar ao lugar de Beatriz…. fica ali para aquele….lado!!!.
Vou encostar, está fresco, a aragem percorre meu corpo esquentado, não quero adoecer, mas continuar…, mas se tiver que ser, que seja…. afinal, não estarei doente já?!!!.
Faz tempo que caminho, e mal alimentado, vou cada vez mais devagarinho, e assim vou repousar, para de manhã retomar o teu caminho…..no lugar de Beatriz!!!.
Eu peregrino, de amor continuo, sofrido lamento num tormento batido, chorado, ensopado, esmagado, caminho vergado pelo fardo pesado da vida tida, incontida, amada vivida…. mas caminho, teimosamente caminho, mesmo que rompendo meus ossos na calçada da vida!!!
O amor tudo vence….o amor é vida!!!
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