Na tua fuga insensata, de abandono do que nos é grato, do que nos faz bem, e sentirmo-nos de Deus, deixas para trás as "roupas" desgrenhadas, pela tua corrida apressada.
Nas curvas da vida, dos sonhos vividos-passados porque não presentes... encontro sinais de ti, quase ensanguentados, do amor vertente, quente, amado.
Oh! Beatriz de passo apressado, de que foges, de que passado?!!!.
Esse teu olhar assustado, mais parecendo que a morte viste, não te reparas na vida que em ti existe?
Como eu queria, "viajar" na tua mente, entender o que te apoquenta, descobrir tua magia.
Se o sol brilha, se o calor nos aquece, porque fugir da luz, qual farol que nos alumia? Não entendo, tanto busco, procuro a minha heresia, onde errei, pequei... para sofrer a fuga, o castigo de uma vida?
O medo invade minha alma, o escuro já lá vem, e eu nem preparado estou, insensato, crente, que me abandonei num festim que não é meu...!.
Tomei as rédeas, pensando bem cavalgar, nunca querendo amansar o bravio que há em ti, e de tanto cuidar, tanto amar... senti a dôr torpe da queda abrupta, impensada, nunca sonhada de ti!!!.
Tanto corri, qual cavalo de corrida, num frenesim estonteante que me embriagou o corpo, sentindo o apelo amante, do querer vencer, vencer... compreendendo, amando...perdi?!!! Talvez..., afinal sou cavalo pilantra!.
De tudo fiz, inventei afinal, e de mim dei o que mal acreditava, mas adorava, e que me faz sofrer... afinal eu sonhava o amar eterno... e no fim qual castigo merecido, em meu corpo de açoites vergastado.
Oh! Beatriz, sonho molhado, em lençóis brancos onde teu corpo se confunde, te toco, não te vejo, meu coração cego e amado..., tolo..., não percebe que está enganado!.
Os sonos perdidos, as insónias havidas, os gritos, os sorrisos, as lágrimas vertidas...das vidas encontradas, quais almas gémeas, que teimosamente negam o passado, de que foges, para onde foges, e por quem foges? Não respondas, eu tenho receio da dura realidade, talvez o meu amor seja trôpego, cansado, e piegas....se calhar pertence ao passado.
Dos meus fones e telemóveis, de tempos gastos, de horas faladas num cansaço sem dôr porque me amavas, eu procurava te preencher teu tempo e amava. Cuidados havidos, com o que tu tomavas, bebias fazias....doces cansaços, de que tu nunca fugias.
Os tempos eram outros, tua prole era escassa, a tua janela era eu, o teu pc a vidraça, me chamavas, clamavas o meu "eu", e eu me dava sem cansar do que te dei e dou.
Corridas contra o tempo, kilometros tragados, sonos espelhados num resvalar do pneu, o estridente barulho do travão, quando o sono me afligia, e de repente travava, porque a curva não fazia. Tu eras a aquilo..., o meu segredo, pelo qual eu corria e corro, sem medo.
Oh! Beatriz, insensata mulher, essa tua pobre cabeça ferve, te confunde o ser... e eu nada poder fazer.
De que foges? do amor?
Das tuas palavras ternas, recordo, o amor, o prazer de ter o que procuro, mas nunca pensei sofrer por te querer e não poder vencer. Tu és Beatriz, e eu por um triz que não morri..., talvez fosse melhor, porque assim, te veria de cima, e poderia viver o que a morte não quis.
Corro, procuro ver onde estás, esperando encontrar-te sempre a seguir, confesso que nao me arrependo do que fiz, pois voltaria a repetir tudo, mesmo tudo e até palavras engolir..., para que não tivesse agora que sofrer a tua ausência.
De Sabugosa a Abraveses, de Santarem a Rio Maior, de Aveiro a Abrantes, Viseu porque não, não tem que enganar, onde tu estavas, eu tinha que la estar, na dor, na alegria, no amar... e de ti cuidar.
Se eu pudesse atras voltar, te manter inocente amar, num colo balançar, e te acarinhar, até que teu sono de ti tomasse conta, e te conservasse assim, num processo que queria fosse hibernar, para assim te poder ver, amar, sem que corresse o risco de te perder, já que de ti estava a cuidar.
Mas não, porque madura ficaste, observaste a estrada para caminhar, e andaste. Caminhei a teu lado, kilometros a fio, segurando por vezes tua mão, e num olhar, num abraço, te levava sempre ao colo quando o tu e o teu cansaço eram mais que a vontade de andar.
Te segurei, amparei na descida, não fosses tu magoar-te, caí eu meus joelhos feridos, mas tu no meu regaço quentinha me dizias...." me sinto tão segura junto a ti!!!".
Oh! Beatriz de doces cansaços, por onde vais que te não abraço?
De aniversarios vivi, de festas improvisadas e de amor, senti, como organizadas por ti não vou esquecer, os balões, o sorvete e a agitação da supresa dos meninos escondidos como prendas que me oferecias, que num dia á chegada, escondidos na casa numa corrida linda me abraçaram num grito.... " parabens.... Toni!!!". Oh! Rio Maior, de sonhos incontidos, que tão longe estas, na mente do meu amor.
Na tua enxaqueca súbita, após centenas kilometros palmilhar, e mal após chegar, eis que teu grito me faz voltar. "Toni....não sei que tenho, mas preciso te olhar...".
Num passo rápido, num olhar relâmpago, mesmo sem dormir e descansar, eis que estou a voltar para junto de ti amor, te tratar. Que tens, que dor é essa que te aflige....não te preocupes, eu estou aqui para te cuidar.
Num olhar quente, febril de delírio talvez, senti o apelo do coração em te beijar, mas tu estavas a fervilhar, teu corpo incandescente queria acalmar.
Na vigília, no teu olhar, segurando tua mão te acalmava a ira dos graus centígrados a mais em ti.
O teu olhar, a tua face, teus lábios gretados me suplicavam o amor, que eu queria mas não podia dar..., afinal eu era o teu anjo da guarda, e os anjos não sabem amar.
Das refeições fugidias, bem construídas por sinal, um hino se tocava a cada garfada, porque tudo aquilo era amor que eu esperava, e dava. Que bom afinal, era o céu na terra.
De que foges, por quem foges Beatriz?
Te sonho acordado, te imagino no limbo, te abraço no leito, te amo na vida, meu doce encantado, não te quero perdida!!!.
Em Leiria vivi, na Aguieira sorri, o amor de um dia... te lembras?
Há referendo maternal, que tão ciosa quiseste cumprir, mesmo gripada não deixaste de ir. Por ti corri, e bati recordes, que hoje me fazem recordar as aventuras de amor que sangram agora em meu peito, mas te digo.... não rejeito.
Na cartomancia vivi, o futuro anunciado, de tempos atribulados pelo amor calado, sentido, abafado, mas não adivinhado na tua partida....que agora agonizo, em sofrimento condensado.
De um amor pré-destinado, com coragem anunciado, fraquejaste, tiveste medo do povoado, quais lobos esfaimados de tudo quererem devorar, até os nossos corações amados.
Oh! Compostela, de Santo Apóstolo, porque não me avisaste do mal que me ia acontecer, numa noite invernal, onde me senti bem, em fé, e feliz?
Senti o amor, a fé, o fervor nessas tuas pedras centenárias, acalentado pela tua presença Beatriz, e a saudade roí agora minhas entranhas.
Não sei de que foges, para onde vais, mas te espero, pacientemente, na esperança de que o amor nunca abandone o teu coração, nem a lembrança te deixe órfã de memória, nem esqueças quem tudo deu, tudo fez, e jurou sempre amar.
Eu sou Homem-amor, talvez tristeza também.....
Mil anos que eu viva, mil anos te amarei!!!.
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1 comentário:
Queria para mim estas palavras....... ..lindo.
Ines
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