
Amor, amizade, sofrimento, "Triângulo das Bermudas" no coração, fenómeno pelo qual se explica o desaparecimento misterioso de objectos, coisas e pessoas, um pufff!!!.... já está, desapareceu.
A tendência para explicar o que não tem explicação, mas que se sente.
A modos como na física, também temos um "Triângulo Das Bermudas" no coração, sim, também temos!!.
Afinal passam-se coisas que também nós não sabemos explicar, "fenómenos" incríveis de algo que estava lá e que agora já não está.... pufff!!!!, estava, mas agora já não!!!.
O triângulo Amor,Amizade,Sofrimento!.
Sentir amor, não será exactamente o mesmo que sentir amizade, não é rigorosamente igual. Onde está amor, não podemos colocar amizade. São sentimentos com génese similar, mas diferentes.
No amor há proximidade, intimidade, confidência, interioridade, enquanto que na amizade pode não haver, senão uma empatia, um bem-querer, o desejar bem.
Ambos estes sentimentos, podem crescer, serem alimentados, mas a diferença entre ambos é abissal.
O amor nos consome as vidas, numa fusão de corpos e alma, numa simbiose física-espiritual tendente a nos tornar-mos dois em um, ou seja, a unificação de seres pelo amor, pela partilha forte das vidas de cada um, num somatório único.
A amizade, é empatia, é desejar bem, é estar presente, é tudo de bom, menos a partilha física que o amor implica. Logo substancialmente diferente.
Converter uma amizade num amor, é possível, aliás frequente, mas o inverso jamais, não é possível.
Como podemos converter um amor numa amizade, regredindo no sentimento? Abstraindo dos factos vividos?
Como podemos converter um amor numa amizade, fazer de conta que nunca foi? Que nunca aconteceu? Que tudo foi virtual?
Como posso viver uma amizade, enfrentando alguém que amei?
Como posso olhar os olhos de alguém que amo, e fazer de conta que podem ser indiferentes se de uma amizade se tratar?
Comportar-mo-nos como amigos perante alguém que se ama, será seguramente uma tortura, um sofrimento, já que na amizade o toque pode não ser tido em conta, enquanto que no amor sim.
Será possível converter um amor de anos, intenso, fervorosamente vivido, intensamente chorado, conquistado, onde o amor foi...... amor, sim, será possível converte-lo numa amizade? NÃO!!!.
Não podemos olhar para os nossos sentimentos como se fosse algo que está num balde, que quando cheio se despeja fora..., não!. O amor não se desliga como uma lâmpada, o amor não se tira do peito, não se consegue, ou então, nunca foi amor!!!.
Seguramente, quando queremos passar amor para um plano de amizade, algumas coisas podemos deduzir:
-Talvez amor, não exista, mas sim gratidão!.
-Talvez amor, não tenha a força e segurança necessários!.
-Talvez estejamos a tentar mistificar perante nós mesmos a nossa incapacidade para amar!!!.
-Talvez estejamos a minorar a falta de coragem para assumir o amor!.
-Talvez estejamos a minorar o sofrimento que o abandono, o deixar cair do amor pode provocar!.
Assim, se aceitamos converter um amor verdadeiro numa amizade, estaremos a dizer que ...."bom, amar sim, mas, e se fossemos só amigos? "
Um amor escamoteado numa amizade, é como varrer o "lixo para debaixo do tapete", é o fazer de conta, é o existe que não existe, é o degredo do amor, é mandar o amor às "urtigas".
Não me imagino olhando alguém a quem amo, falando como se de um amigo de circunstância se tratasse, de alguém que "por acidente" por ali passou, de alguém que por acaso "está ali", e que por "acaso".... amo, não poder tocar, não poder manifestar, e talvez no olhar ter cuidado para não molestar..... não imagino, isso é sofrimento!.
Quando se não tem coragem!.
Quando o tabu é bem mais forte que o amor!.
Quando o preconceito nos abafa!.
Quando não lutamos pelo que nos faz bem!.
Quando o egoísmo toma conta de nós!.
Quando fugimos de nós mesmo!.
Quando é mais fácil sofrer, mesmo que atroz, que optar pelo amor!.
Quando temos vontade de amar mas queremos negar!.
Quando amamos e isso é considerado herético pelos cânones religiosos!.
Quando..........
é mais fácil "virar" essa coisa a que chamam de amor, numa amizade, sempre é mais "limpo", mais "higiénico" para as nossas consciências, sempre nos sentimos mais libertos, apesar de "presos" numa rede de conceitos, preconceitos e que só têm um resultado...... a infelicidade, o desamor, e baixa auto-estima!.
Eu não tenho "QUANDOS....!.
Sou pela amizade, pelo convívio fraterno, empatia com os demais, partilha solidária, sou pela amizade......
Mas sou muito mais pelo amor confessado, puro e arrebatado, corajoso, puro, simples, nem que chorado, ou encharcado pela lágrima, porque no amor, somos tocados, beijados e desejados, amados e apaixonados.
Amor vive-se, amizade experimenta-se, amor versus amizade é sofrimento!.
(texto de Antonio Ferreira)
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Ah meu amor não vás embora
Vê a lua como chora
Vê que triste esta canção
Não eu te peço não te ausentes
Pois a dor que agora sentes
Só se esquece no perdão
Ah minha amada me perdoa
Pois embora ainda te doa
A tristeza que causei
Eu te suplico não destruas
Tantas coisas que são tuas
Por um mal que já paguei
Ah meu amado se soubesse
A tristeza que há nas preces
Que a chorar te faço eu
Se tu soubesses num momento
Todo o arrependimento
Como tudo entristeceu
Se tu soubesses como é triste
Eu saber que tu partiste
Sem sequer dizer adeus
Ah meu amor tu voltarias
E de novo cairias
A chorar nos braços meus
[De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
(vinicius de Moares)
1 comentário:
"O segredo é não correr atrás das borboletas.É cuidar do jardim para que Elas venham até vc." Brisa-BRA-PE.
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