
No encalço de teus passos, eu caminho tentando adivinhar os compassos, espaços de teu pensamento regular… onde estás Beatriz?
Não escuto o ruído do teu caminhar, não sinto a sombra de teu ser amar, porque no nevoeiro de uma manhã fresca, de brisa húmida, te foste, sem anunciar.
Perdido, no meio de um sentimento larvar, que me consome as entranhas, me destrói o amor-próprio, me esquenta o corpo, tanto “gatinho”, tanto…. Pois queria te encontrar!.
Uns me dizem que por ali foste, outros nem ouviram falar de ti Beatriz, e eu aqui tonto, zonzo de tanto clamar, chamar o amor perdido naquela manha de brisa húmida, que me humedece o corpo. Onde estás?
Sinto o cheiro, o perfume, o teu calor, no trilho da vida, mas continuas a escapar, e eu sem te encontrar.
A esperança é vã amiga, é companheira de viagem, me empurra, me diz…. “vai, vai…. Tu vais encontrar… Beatriz!!!!....”.
Pobre companheira, de ilusão vã, é a única que não desiste, me incentiva a continuar.
Boa amiga, conselheira até, esta esperança, nunca abandona este corpo que está a definhar, sentindo exausto o passo, o martírio de tanto andar.
Levo flores, talvez numa ilusão de te trazer, pelo perfume de uma rosa, duas ou mais que tu quiseres, e assim te conquistar….sim, porque afinal as flores se dão bem no jardim do teu amar.
Onde estás Beatriz, não sinto o teu palpitar, o teu respirar…?
Lembro a cor de tua pele, de teus olhos também, e ate de teu refilar, mas sabes… tanto pergunto, mas ninguém me responde…. desconhecem…, dizem, que quem é por ali não passou, não deixou esse perfume no ar.
Oh! Beatriz, que trilho esse, que o tempo teima em apagar?
Aqui e ali, encontro pedaços do teu amar, um beijo perdido aqui, outro ali….há! também um olhar num outro local…, abraços encontrei também…, e algumas lembranças…, mas de ti nem rasto, sumiste qual deusa que regressa ao seu habitat natural…. O Olimpo!.
Neste caminho que quero não errado, por onde faço a minha procura de ti, o que encontro farto, são as lágrimas derramadas que me ensopam a visão, me dificultam o caminhar.
Todos esses sinais de ti, recolho, carrego num esforço tumular, esperando com eles poder te resgatar, afinal, não és tu a dona de tanto amar?
Sinais, simplesmente sinais que queres apagar, mas de tantos que eles são, atabalhoada para trás deixaste ficar. Não tem mal, porque servem de referência, de garantia a um amor imortal…!!!.
Com esse sinais, “retalhos” de amor vivido, espero “construir” o “castelo” onde vou guardar tudo, mesmo tudo, esse espólio, indestrutível, que ingenuamente quero conservar não vás tu voltar, … já viste, que “vestirias” tu se não te devolver o que deixas-te cair?
Nesse “castelo” com forma de coração, não há que enganar, a porta é única, talvez a saída nunca a vás encontrar…, mas para quê? afinal não queres amar?
Oh! Beatriz, que te sinto, te pressinto, e não te consigo enxergar…, que fazes, por onde andas…. Quem estas a amar?
Não desisto, mesmo com o desalento a espreitar, pois levo a esperança comigo, a ilusão de te encontrar.
Os caminhos são longos, parecem nunca acabar, mas te digo, quando para trás olho, tenho vontade de continuar…, tanto que andei, tanto que chorei, tanto que amei… hei-de te encontrar, prometo Beatriz…,porque tu és o mar, tu és o fim de tudo, és a profundeza de um amor sem fundo.
Sabes, não basta “fugir”, pois primeiro é preciso o amor matar…, e ao que parece, nunca ninguém o conseguiu, a não ser, só o abafar, calar, e suportar num sofrimento calado, numa tortura sem sentido.
Quando o sentimento existe, quando a dor persiste, porquê calar? Afinal nossa vida não é amar?
O bom não se enterra, bem como o mau que não se deve lembrar, mas o amor esse sim, tão bom de verdadeiro sentido, de felicidade vivida, porquê enterrar?
Nesta vida, onde viver por vezes é difícil, e amar um desígnio, não devemos esquecer, mas sim lembrar, o bom, o mel, o bem-querer, e desejar, pois já basta o sacrifício de ter que caminhar.
Eu quero lembrar, eu quero “viver” esses momentos, essas alegrias essas vontades imensas de amar, e de felicidade incontida….pois nelas encontro a força, a energia e a vontade de estar vivo….e acima de tudo, sinto Deus quando amo!.
Deus amor, projecto de vida, força universal, argamassa, força, e vida…, Tu és amor e eu teu servo senhor.
Oh! Beatriz, que sentes o sangue ferver, não bebes? Não te sedentas? Porque deixas que o calor aperte, e o sofrimento vença?
Bom, minha amiga esperança, continuemos, me ajuda, me dá a mão, me segura o andar, mas não fiques para trás, pois na frente deves estar…, eu te sigo, puxado pela ponta de teu cajado, e quando te olho, esperança, sinto o teu brilhar no olhar, como que me chamando…, “ anda, vem, nós a vamos encontrar….!!!!”.
Por onde andas Beatriz de bom olhar, que te pressinto, e te escapas, sem que te possa enxergar?
Te amo Beatriz!
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