Nesta vida, em que tantas emoções nós vivemos, tantas… que podemos nós fazer? Nada, ou …. Se calhar tudo!.
Tudo tem tabela, tudo tem valor mercantil, ou se não o tem, nos comportamos como se tivesse, ou não sejamos nós uns “negociantes” de trazer por casa, a modos como bons economistas, se é que os economistas alguma coisa de bom nos trazem, a não ser …rácios, estatísticas, percentagens, margens de lucro, rentabilidades etc. etc. …!!!
Economistas, contabilistas, reduzem tudo a uma percentagem, mesmo tudo.
Tudo é um rácio, um cociente entre uma vantagem e uma desvantagem. Coitados…!!!
Não se dão conta que antes do numero, antes do “per cento” já existia algo a que se chama…HUMANOS!!!!.
Nós humanos, subordinados a esta ditadura do “per cento”, até nos afectos assim pensamos, até nos sentimentos, no amor o que é execrável. Contudo não nos condenemos, pois somos areias na engrenagem, mas….também vos digo… não abrandemos nesta luta, acima de tudo pela dignidade.
Mas voltando ao conceito de “feira” que atribuo à vida, há algo que gostaria reflectir com os meus leitores…. essa “tabela” que existe em nossas mentes, gravada por tiques, tabus ancestrais, tão difícil de mudar, diria actualizar…o conceito de “novo” e de “usado” é o factor de maior infelicidade para nós Humanos!.
Para mim, um afecto, um sentimento, não tem idade, não tem tempo, durabilidade….é algo sem conteúdo físico, a que se possa atribuir prazo de validade, tal como um vulgar produto de super-mercado.
Afectos, e sentimentos são imortais, não físicos, são da alma, são do coração e não se explicam matematicamente, não se racionalizam…..nascem, sentem-se, e, …… vivem-se!.
Temos a tentação tenebrosa de “envelhecer” um sentimento, se ele for tido por alguém que achamos talvez um “bota-de-elástico”, um “pedante”, um narcisista, sei lá…
Há sentimentos, e afectos que brotam sem explicação, do peito, em direcção a algo, e por algo que nem nós mesmos sabemos explicar….existe, é um facto!.
Sempre trocamos tudo por tudo, nesta “feira” de vaidades balofas, amorfas e que tais, até o amor, que por vezes chamamos de romântico, qual arcaico conceito renascentista de olhar o ser humano. O conceito “usado”, antigo, não modernista… pouco vanguardista…caquéctico!.
Trocar sentimento, mudar afectos, como se tudo isso fosse algo que se compra, mastiga, e deita fora não vá apodrecer… o conceito mercantil, a busca do infortúnio, a explicação da depressão e do não-amor, solidão, são sempre o caminho dos erráticos, confusos, dos ausentes de coragem.
Por vezes, somos cruéis com nós mesmos, pois nos auto-mutilamos, tabelando os sentimentos, zombando baixinho dos amores, como que se amar fosse prerrogativa da idade de alguns.
“Amor, é fogo que arde sem se ver…”, diz o poeta, é dos afectos mais nobres de um ser humano, brota inexplicavelmente do peito e nós somos impelidos a segui-lo, por vezes de forma apaixonada… e isso não se explica pela idade, acontece, pronto!.
Mas nós, mesquinhos, de visão curta, teimamos em comprar “novo”, se acharmos esse amor “velho”, trocando algo que não tem embalagem, nem fitinhas por algo que na nossa visão é novo, bem embalado e com fitinhas.
O amor, o afecto, o sentimento é genuíno, seja qual for o ser humano que o sinta, diria que o amor numa idade mais alta, talvez seja mais maduro, “pousado” sensato, realista, e bem sucedido, porque apoiado em experiência de vida, ao contrário de uma amor num jovem que pode ser mais exuberante, emocional, e por isso mais curto, mas chamar a isso amor “velho” ou “novo” será errado, acreditem!.
No conceito “usado”, é talvez a situação mais triste, pois nada pior que um sentimento mascado, utilizado enquanto é doce, e cuspido quando cansa, e será das sensações mais ignóbeis de um ser humano…. viver a sensação de violação dos seu sentimentos, talvez uma violação mais duradoura e perniciosa que a violação física.
Sempre tivemos da vida o conceito útil das coisas…., digo das coisas, mas não deveríamos ser assim para com os afectos, os sentimentos, os amores, pois são algo de nobre, que dignifica, que nos faz ser à semelhança de Deus, nos torna Divinos.
Nesta “feira” de coisas e loisas, algo não pode ser trocado, vendido, usado, ou considerado velho ou novo……. Os sentimentos, o amor, os afectos!.
Eles são a criação de Deus, pelo qual nos distinguimos dos demais seres quadrúpedes, e nos convertem em seres de Luz, de Deus.
Eu tenho para mim, que quando amo, esse amor é intemporal, sem peso, conta ou medida, é Amor, seja quem for que o sinta a sua idade não faz desse amor uma velharia ou novidade, e neste afecto, só aceitarei que a idade nos fará ser mais ou menos responsáveis pela boa aplicação, pelo bom uso desse sentimento.
Mas falo do amor, amor, amor… essa “coisa” que vem de Deus!.
Se vamos a “feira” para trocar, porque usamos e achamos que esta “velho” o sentimento de amor, afectos…estamos a ser uns “economistaszecos”, foleiros, primários mercantilistas, compradores de desgostos, solidões, depressões e mal-amados, infelizes de uma vida.
Eu vou a “feira” sim, não nego, mas vou “ver”, e assistir à desgraça dos corações, à vaidade das opressões, à estupidez das depressões, e maldições, que por barracas de malidicencia, cartomancia e vidência muitos teimam em usar, para que eles próprios não sejam vitimas do conceito “usado”, “velho”,”novo” e “mascado”, jogado fora!.
Eu sou pela “feira” da vida, onde o coração, o amor, e a dignidade estejam nas primeiras filas da feira…..
Eu amo a vida, eu sou pelo amor intemporal, sem peso nem medida!!!.
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