Em algum lugar do mundo
existirá uma mulher chamada Beatriz
e haverá de ser colhedora de uvas
nas quintas de Portugal.
Em algum lugar do mundo essa Beatriz
estará usando sandálias de camponesa
será talvez pescadora das tardes e dos rios.
Em algum lugar me esperará
como se não esperasse ninguém
como se não fosse ela
a própria Beatriz em alguma igreja distante.
Estará essa Beatriz a colher os figos do Outono
com desejos de partir para os oceanos
a ouvir as aves
no pátio de sua espera.
Haverá de estar com uma bolsa de folhas
o musgo das árvores
o limo do chão.
Haverá de saber cantar silêncios
essa Beatriz à janela de um castelo.
Em algum lugar de Portugal.
(De meu livro “Poemas Portugueses”, publicado em Portugal em 2002)
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