Nossos santos de pagode celebramos, cantamos enfim,
No repasto de uma sardinha assada, que pimentos pede a preceito
Lembro a festa passada, faz ano que vivemos brincando
Os martelinhos, com seus sons agudos, nossos ouvidos torturados.
Numa terra de pescadores, a norte de invicta terra,
Com olhares trocados, de uma noite folgazona, nunca cansados
Nossas mãos cruzamos em atitude louca
Confusão nocturna, corações divertidos, alegres,
Num esgueirar de corpos no meio de ondas de humanismo
Alegrias vividas, exultadas pelos nossos olhares curiosos
Num brilho solarengo, pois noite fazia.
Num grito, num ai, num susto caminhamos
Por entre hordas de povo bom, saudoso, folgazão
E eu ali, num mar agitado de ilusões partilhadas
Cuidando do amor sorriso, “shunshine”, pois então.
Lembro, recordo minha paixão contida pela razão
E já noite dentro, já o cansaço acercava, nossos olhos ardentes
Nos corpos exaustos, da caminhada, estafada.
Pálpebras cerradas, sono espreitava
Na noite adiantada, pela rua estendida, caída
Eu caminhava, apanhando os bocados de amor
Que pela excitação, vibração havida,
Caiam pela calçada, tão cheio estava o coração.
Uma lágrima seca aqui, um sorriso ali, um beijo perdido acolá
De tudo eu recolhi, já que jóias valiosas eram, kilate elevado
Para em lugar de veludo vermelho, seu corção guardar,
Não vá a saudade apertar, e eu assim a poder matar.
E quando o sono chegou, quase nossas pernas dobrou
E nós teimosos queridos cedemos, por entre afagos,
Vontades de resistir ao fechar de pálpebras anunciado
Por gostar de ver em nossas faces o amor sorrir rebelde
Brotar, jorrar em catadupas de paixão vibrado e jurado.
(Prosa orig de Ant.Ferreira)
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