Neste meu tempo de horror, em que a carne dilacerada sangra, sinto o esvaziar do corpo, a quebra dos músculos, as dores são muitas.
Tu Deus, que por vezes sinto que me abandonas, porque permites que eu morra aos poucos?
Onde está a minha alegria de viver? Onde está a razão do meu afecto dedicado, da minha busca incessante de paz, amor e felicidade?
Que fiz eu, Deus, que mal fiz eu senão amar, conforme me ensinas-te?
As dores são agudas, o corpo retalhado lateja, meu coração tem taquicardia, tenho vontade de morrer.
Que mal Te fiz, qual o meu pecado, porque carrego esta cruz, porque choro, quando deveria sorrir?
Tenho o sabor do sangue na boca, os meus olhos na vermelhidão ardente, e Tu aparentemente não me socorres..., onde estás?
Peno, arrasto-me pelas ruas do meu desespero, sinto o peso do madeiro nas costas, vergo sob as dores do coração..., dói tanto.
Terei eu que penar? Quando termina este sofrimento, quando???.
As minhas noites que já foram longas, e se tornaram alegres, voltam agora a serem pesadas, sofridas pelo peso das batidas do relógio. As horas parecem ter o dobro do tempo, e sinto a vontade indómita de me torturar, me auto-infligir dor, ingerir o erro, beber do veneno, morrer de dor, eu ... mereço!!!.
Nas minhas entranhas, no bater desordenado do coração, sinto as golfadas do amor saindo pelas brechas que o meu corpo não suporta.
O sentido da vida estranhamente desaparece, se esvai num suspiro longo, num desejo de que tudo acabe.
Esta noite, a minha noite, esta amiga que sempre me aconchega, vou viver a solidão, o minuto a minuto, o segundo a segundo, revendo, tentando perceber como posso sentir-me inútil.
Eu sou a "coisa", eu sou o "coiso", se calhar nem isso..., sou o monstrinho, o abjecto romântico com sabor a bolor, a mofo, o fora de tempo.
Esta noite vou ser eu, realmente eu, aquele idealista, altruísta, o inocente, se calhar... indecente.
Deus dos meus sofreres, se assim tem que ser... faça-se, eu posso vergar, sentir a dor, sentir a amargura da solidão..., mas ajuda-me a entender..., onde errei???
Se TU és amor, eu assim queria ser também, mas como é tão difícil.
Ilumina a minha alma, não permitas que a noite seja longa, nem que o escuro me torture, e ajuda-me a matar a sede com as minhas lágrimas..., a secura é muita, o choro me afoga, sufoca, me seca a garganta.
Deus bom, me ajuda, me faz compreender e aceitar as dores do coração, e não permitas que o demónio me tolde a visão, me encha o coração de ódio, e povoe a minha mente com a vontade de me magoar.
Perdoa-me se peco, ajuda-me!!!.
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