Nos turbilhões, confusões, de esperança repletos,
Com amores no coração profundo cravados em dor
Negados pelo terror de adivinhados serem
Nas dúvidas em cabeça quente exigente, a tua,
No sufoco de um desejo, reprimido por mente censória
Este amor que queremos vivido, embora sofrido
Pelo gosto de um abraço longo, como se de ar vital se tratasse,
Num olhar esguio, melado, vidrado de desejo sem embaraço
Naquele beijo molhado, sufocante de ardência
Sinto o tremor de uma hesitação, que sendo boa me aflige
Que me aguça a vontade de te ter num instante
O amor resistente à mordaça do “bem parecer”.
Meus sonhos em “viagem” ti adentro
Os sentidos embriagados pelo desejo são enrolados
Quais loucos de amor no prado verdejante fresco
Como rio caudaloso, transbordante de amor bom
Oh! Bendita sede que de mim tomaste conta,
Que me obrigas a saciar em fonte recolhida, escondida
Em teu corpo que sem maldade, fazes o gosto,
Me fartas o coração de secura vivida, faz tempo
Do amor adormecido num lamento, abafado.
Pelo toque suave, d’um encontro querido, não desejado
Da amargura de não poder gritar as venturas da paixão havida
Não poder arriscar, acordar outros, que sem compreensão
Nos farão sofrer, torturar este desejo de voar por sob os campos
Em jeito alado, de cabelos soltos ao vento,
Mostrando teu peito de branco alvo, qual amazona em acto bravura.
Testa franzida, sobrancelha hirta, olhar fixo
Do raspanete por erro cometido, eu aceito, pois não
Do perdão tido, por postura ajoelhada me sujeito
Por amores mesmo que imperfeitos
Te queria dizer…… amo-te!!!
Noite farta, calor sufocante, água refrescante
Nesse teu olhar molhado, mais parecendo que choravas
Quis adivinhar como quem “espreita” teu coração,
Pelos olhos teus, que pequeninos são, brilhantes, mais pareciam gritavam
Ás estrelas que há no céu, em noite escaldante, que mesmo errantes
Os desejos, queridos calados estão.
Das vontades incontidas transpiradas, num movimento fatal
Nos Beijos roubados, que não o foram……afinal,
Senti o coração quente, confortado, já que o amor havia acordado.
Pois dormia, faz tempo….. coitado!
Numa palavra linda, de sorriso espontâneo,
Te olhei o coração rasgado, pelas asas d’um condor malvado
Que não sabendo o que é amor calado
Martiriza corpo frágil, com bico afiado.
Oh! movimento tolo em tua cabeça oscilando, como que temendo
Não querendo o que mais desejavas, aceitando, o pecado
Daquele momento intenso, que eu guardo, eu choro….
O amor adormecido, agora acordado.
E num gesto tenaz, como querendo prender-te no amor abraçado
Como querendo dizer … te amo, eu juro eterno amor sufocado,
E gritarei até que a voz me doa…. e a rouquidão não abafe
A ventura que é amar, sentir e ter-te um gesto continuado já que…
Mil anos que viva, mil anos te amarei..., mesmo calado.
Oh! Luz do coração, das dores evitáveis,
Não destruas a emoção, a sensação da paixão
Que valores sociais imorais, hipócritas porque não
Remetem para as “galeras” do coração morto, sem batida.
Pelos perigos enfrentados, pelos temores no corpo enterrados
Por falsos arautos doutorados, talvez falhados,
Te quero dizer….te amo, te amo….
E se a morte acontecer, vier sem nos cuidarmos
E se assim Deus quiser…. te garanto,
Até que tudo possa acontecer, sem medo
Te verei no nascer do sol do ”outro” lado.
E qual alma gémea encontrada, que alguns teimam separar
Nos encontraremos nos tempos, que os tempos nos farão chegar
Numa eternidade, que quero viva, não desfalecida
Pelo amor que há em ti, que brota da fonte que no teu coração mora.
Te direi, princesa, sirigaita bonita…
Que mesmo na eternidade, te amarei,
Sem que a saudade mate o que sempre amei.
(Original Antonio Ferreira)
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