Sala de encontros e desencontros, de carências, de procuras, de conquistas, de sedução, de frustrações, vitorias e outros afins.
Porque se procura tanto estas “salas”, onde quase nem sabemos bem quem temos do outro lado da tela ?
Esconder o EGO, a face, o corpo, sim, finalmente… podermos “construir” a pessoa que gostaríamos de ser!.
Podemos ir num click ao Japão, à América, ao Brasil, sei lá, e contudo nem o traseiro levantamos para tentar essas viagens. Fantástico!!!!.
Num chat por vezes realizamos o sonho, de sermos o que realmente não somos.
Parecer bem, sem dar a cara, opinar sem ter que se justificar, e vai daí, se nos aborrecem, ou por acaso nos cercam, zás…. num click fechamos o chat, sim, porque isto de fazerem-nos perguntas indiscretas já não se usa, e esse “atrevimento” paga-se caro….. saímos da sala e pronto, o que agora existia jamais existe.
Encontramos poetas, filósofos, bem-intencionados e mal-intencionados, faladores, palradores e outros espécimes que nos encheriam de tédio se estivessem perto fisicamente de nós.
O assédio, a insinuação, o altruísmo, o machismo primário, e também o puritanismo hipócrita, sim, hipócrita, estão bem presentes na cultura destes meios de ilusão.
Falar no virtual, é gostoso, porque não nos compromete, até por vezes estamos tão longe do outro chat’ista, que não corremos o risco de nos cruzarmos com ele na rua. É cómodo, é fácil.
Uma piada, uma boa anedota, e meia de conversa, enchemos o tempo e a sala com tudo e quase nada. Tudo é virtual!!.
Não quero dizer, que não se façam amizades que possam vir a fortificar uma relação por ventura mais duradoura, que sei acontecem, mas….. .
A sensação de cultura de grupo, de núcleo duro de amigos que num chat preferem uns mais que a outros, é uma sensação efémera, porquanto nas conversas em privado que os mesmos chats oferecem, podem tecer-se as mais complexas teias de relação, que por vezes passam por mesquinhas traições verbais, ou mentiras a parecer ser sério.
Num chat encontramos a pseudo-liberdade da comunicação, sem nos darmos conta do quanto escravizados ficamos, qual vício, qual doença para a qual não encontramos remédio.
As “salas” de conversação, dão-nos a possibilidade de matar a solidão, de combater ou não por momentos, a carência de afecto, de amizades verdadeiras que não fomos capazes de construir na vida real, no dia a dia de nossas vidas.
Nestas “salas” encontramos de tudo, mas mais de uma coisa do que da outra, o que leva a que os intervenientes comecem por serem desconfiados, e não aceitem facilmente teclar de forma aberta com quem chega pela primeira vez.
São inúmeros os casos de assédio sexual, moral, intelectual, que deixam todos de pé atrás quanto aos ambientes aí vividos. As "virgens" protegem-se, as castas ofendem-se, os impuros pululam.
Pelos nick’s, podemos traçar o perfil de um internauta, de um individuo que pode ser um conquistador de “meia-tigela” tagarela, de um malicioso, de um solitário amoroso, sei lá.
Os nick’s são autênticos nomes de guerra, que mais parecem funcionar como uma armadilha, a modos que um cartão de visita, como querendo seleccionar com quem ele quer falar, sendo ate que por vezes são o mote à conversa desejada, o contexto provável de uma conversa.
Geralmente, os nick’s, são o reflexo do que nos vai na alma, e tendem a dizer a quem os lê, do mal de que sofremos, ou das vaidades de que enfermamos.
Nós publicitamos a nós próprios, qual feira de quereres, afectos, vaidades e outros instintos vorazes carnais.
Há chat’s, onde reina uma pretensa castidade de hábitos e termos.
Para isso se instituem umas pessoas que devem zelar pelo “bom ambiente” linguístico do chat…… os chamados “guardiões do Templo”.
Claro, que o conceito imposto é sempre o da perspectiva pessoal de cada um desses guardiões, logo pode não ser a melhor forma.
Há sempre os mais iguais entre os iguais, ou seja, aqueles que são mais iguais do que os outros iguais. Uns podem ser liberais nos seus termos, nas suas abordagens, outros já não. Enfim, sempre o virtual, tanto sendo como nos apresentamos, como falamos, de que falamos, e sempre numa base de “ não me comprometa”!!!!.
Os chat’s são positivos quanto a mim na medida em que nos concede a liberdade de sermos o que gostaríamos ser, mentindo ou não, mas assim nos permitindo viver uma realidade, uma identidade que sabemos nunca vir a ter. A realização efémera de uma mágoa vivida.
O chat oferece a capa da impunidade mentirosa, nos defende de contratempos inconvenientes, e permite a exclusão dos “amigos” com quem não queremos falar, que na vida real teria outras consequências se o fizessemos, pelo menos exigiria de nós coragem.
Há os chat’istas inertes, inócuos, os atrevidos, e aventureiros, e os desgraçados de afecto, vivendo solidões atrozes, procurando soluções para suas carências, fazendo-o no virtual, quando o deveriam fazer no real. Sentimentos de culpa, complexos comportamentais, são ultrapassados num chat, porque podemos ser o que quisermos sem que daí venha algum mal ao mundo.
Os chat são precisos? Sim.
Com eles (chat’s) pelo menos enquanto nossos computadores estão ligados nós somos (ou pensamos que somos) os “maiores” sem corrermos o risco de sermos confrontados com a nossa real miséria moral, intelectual, ou mesmo iliteracia.
Vivam os Chat’s, longa vida aos Chat’s e seus arquitectos!!!!
Direito à felicidade, direito à palavra, pelo menos enquanto não nos falta a energia electricidade com o qual funciona o nosso computador.
SEJAMOS FELIZES !!!!!!!..... REALMENTE!!!!.
1 comentário:
Gostei muito do conceito ...
Nao faco comentario algum
se ja esta tudo dito!
Beijos
Linda Nunes
Enviar um comentário