Como é possível estarmos rodeados de pessoas e sentirmo-nos sós, "longe" de tudo e de todos?.
Solidão, estado de espiríto, com fundamentos depressivos, quem não a sente? Talvez só os idiotas não a sintam?
Porque sofremos de solidão num tempo em que tudo parece ajudar a falarmos mais uns com os outros?. Sim, todos os meios estão à distancia de um click, um sms, um mms, sei lá.... e contudo vivemos mais que nunca num estado de solidão.
Tudo em nosso redor volta é fernesim, mal se dá nota de que por vezes alguém a nosso lado está "caído", com alguma sensação de que nada existe à sua volta!.
Os nossos telemóveis tocam, no meio de uma refeição, no interior de uma igreja, até num velório, se calhar ao meio da noite onde o amor nos consome os corpos, sei lá, e nós nem pestanejamos, corremos, qual Vip, acabado de receber uma chamada do outro "lado" do mundo.
Nada nos impede de atender um telemóvel, porque naquele preciso instante nosso Ego sobe, sobe, qual balão de ar quente, pois nos sentimos pelo menos por um minuto olhados pelos demais, nem que seja por reprovação, mas o importante é sermos olhados, e por momentos fomos o "centro".
Será solidão, camuflada por um bom aspecto e um sorriso de "tudo bem"...?.
A solidão tem duas pernas, e passeia-se na nossa frente, ao nosso lado, nas pessoas mais insuspeitas, que tudo fazem para que por uma aparência "IN", pareçam estar em "todas".
A solidão, resultado de uma felicidade adiada, prometida pelas novas tecnologias a baixos preços, que mais parecem "pózinhos de pirilim-pim-pim" em frascos, ou pack de conversa inútil, traduzida em caracteres que rivalizam com a escrita antiga do Egipto, que para serem lidos necessitam de uma leitura calma, pausada, não vá o "x" estar no lugar errado onde deveria estar um "s".
A solidão, está em nós, em menor ou maior quantidade, tendo a vêr com a sensibilidade de cada um. Esta sensação de que estamos num deserto de pessoas, que aparentemente perderam o hábito de comunicar, pelo simples... "bom dia, como vai?", "fique bem, até amanhã", é um estado que se avoluma, à medida em que crescemos na idade, na maturidade, porque aí, já não havendo a fogosidade da juventude para tudo colmatar, fica a modos que uma reserva, uma reserva de nada, a não sêr de um imenso ruido, uma sensação de uma vida vivida através do bip mais ou menos sonoro, elegante, apelativo de um telemóvel, que nos deixa a sensação de tudo conhecer, tudo têr, e realmente sêr rigorosamente o inverso.
A solidão não mata, mas mói.
A solidão dói, e o mais grave é, que não há pastilhas para essa maleita, e a cura, estará sempre num abraço, num aperto de mão, num "olá" sentido, com um sorriso nos lábios, numa atenção que todos nós queremos e achamos que merecemos têr, e que poucos sabem perceber como dar, ou fazêr algo para que o nosso interlocutor sinta o calor, a amizade, a ternura, nem que por um minuto seja.
Talvez um dos grandes males dos nossos tempos, e um paradoxo também, é que no meio a tantas formas de "comunicar", o mundo sofre de solidão, muita solidão, que se nota muito mais a partir do meio da idade, porque até aí, como disse antes, a jovialidade de nossos corpos, a sua sede de vida, encobrem fácilmente este mal, esta "desatenção" dos demais em relação ao seu amigo próximo.
Se ao falarmos com alguém, resistirmos à tentação de falarmos sómente de nós, e deixarmos que o outro fale de si, se o escutarmos com atenção, e partilharmos por uns minutos de forma sentida suas dúvidas, suas mágoas, estaremos a dar algo que não tem forma de se avaliar, tal a dimensão de nossa atitude... escutar, escutar, olhar nos olhos, e deixar que o "outro" por um momento seja o mais importante de uma conversa, então aí estamos "curados".
Se esta regra se cumprir, cada um por si, nós seremos bem mais felizes, mais equilibrados, e sentiremos mais alegria de estar vivos, integrados nesta especie de "homo sapiens sapiens"......
António Ferreira
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2 comentários:
Não te sintas só! Partilha sempre a tua solidão e te darás conta que não estás mais sozinho! :)
C. Grego
Por mero acaso, encontrei este Sêr ou não Sêr.
Pela sua qualidade,inteligência de conteúdos, fiquei agradavelmente surpreendido. Existem castigos bons, assim, passo a visita-lo mais vezes. Obrigado, também.
João Paulo H.
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