O telemóvel rugia,
A má noticia surgia,
Atordido, ensonado
Embriagado pelo cansaço
Escutei, o choro, a dor,
Pela voz da mulher magoada.
Os tempos eram de Setembro,
Fazia o ano terminado em dez,
O coração batia, o sono se ia.
Fizeste questão em ficar,
Apesar de tanto te odiar.
Nele morar, diria…
Quiseste matar,
Algo que tanto amo
Dor, maldita,
Te esconjuro,
Expulso do sêr
Que me querias roubar.
Vi a morte em forma acamada
Vi as dores em carne viva,
Senti odor que tu morte…tens.
Ah! Meu filho amado,
Te vi tão transtornado,
Magoado, esbatido,
Macilento, ofendido.
Faz hoje um ano,
Que não quero celebrar,
Não quero cantar,
Somente lembrar,
Porque assim a dor,
Possa espantar.
E tu meu filho,
Pela dor em ti mergulhada,
Que as máquinas amigas
Te seguram à vida…, dormias,
Pelo sono que não pediste,
Assim estiveste sessenta dias.
Nas dores, nas lágrimas vertidas
Pelas face minha, e de tua mulher,
Pelos parentes ali especados
Rezavam, lutavam…esperançados,
Todos os dias, por sessenta dias.
Estavas no túnel,
Naquele da grande viagem
Eu segurava tua mão,
Tua mulher o coração…
Não queríamos ver tua “partida”,
Te puxávamos para nós….
Tudo pelo tempo de sessenta dias…
E tu dormias!
Mas Deus é grande,
Não quis te “chamar”,
Só talvez te cuidar, e dar…
A sensação da vida,
Do que significa pela dor
Voltares a nascer….
Pelo que tiveste que sofrer,
Meu filho… valeu a pena,
Quando hoje te abraço,
Te vejo sorrir, ver brilho nos olhos
E um filho teu, em teu regaço
De seu nome….
RAFAEL, que pelo anjo anunciado
Traduzido do Hebraico
Nos dirá….” Deus cura “.
E… Curou!
Obrigado Deus meu!
(Prosa Original de Antonio Ferreira)
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