Seduzir, o jogo da paixão, o jogo do amor, o jogo em que nem as regras sabemos, já que seduzir, é algo de muito próprio e intransmissível.
Pela sedução "fazemos das tripas coração", já que é um jogo que pretende ser a perfeição de todos os jogos, e onde fazer batota pode até ser legitimo.
Enaltecemos os nossos predicados, escondemos as nossas maleitas, e lá vamos oscilantes na busca do sonho, da conquista, dos favores da outra parte.
É o momento em que mais rebuscamos os nossos conhecimentos estéticos, linguísticos, culturais, e fazemos tudo para parecer-mo-nos com tudo... o gel, o after shave, ou o perfume, o cuidado da fala, a cultura comprada logo ali no virar da esquina.... é a sedução, é o jogo mais conhecido dos humanos.
O que importa é impressionar, é conquistar, e nada nos escapa no esquema urdido para obter os resultados desejados.
Já fez escola a sedução em meados do século XIX e XX, já que era a arte em movimento, podendo ate dizer-se que a arte tinha pernas para andar.
Encolher a barriga, ser politicamente correcto, escolher o melhor ângulo, eram cuidados menores numa actuação bem mais complexa. É a sedução no seu extremo, no seu esquema qual teste a capacidade de impressionar de cada um.
Diga-se que, a sedução não é prerrogativa dos humanos, já que os animais a trabalham na perfeição, mas com uma diferença muito importante..... não mentem!!!!.
Desde as cores dos faisões, papagaios, periquitos, ao ronronar de um gato, às habilidades dos cisnes, do grasnar do patos, aos bailados aquáticos dos golfinhos, tudo são argumentos para bem impressionar.
Nós humanos, actuamos exactamente da mesma forma, só que à falta de adereços ou habilidades, optamos por inventar uma boa conversa, um sorriso bem colocado, um olhar fatal, e acrescentamos um andar do tipo esticado para não dar a perceber a curvatura das costas.
Mas apesar de tudo, é bom seduzir, porque nos emociona, liberta adrenalina, aumenta a nossa ansiedade, nos obriga a sermos rigorosos antes de mais com nós próprios, não que seja o nosso jeito, mas a necessidade de fazer parecer esse jeito genuíno.
Seduzir, cortejar, duas palavras para um mesmo fim. É bom seduzir´, é bom cortejar, porque o ritmo cardíaco nos faz tonificar os músculos.
Procurar estar certinho, não falhar, ser "a menina dos olhos do outro" sentir que a "presa" ta quase, mas ainda falta... é bom, faz-nos ser românticos, faz-nos ser corajosos, faz-nos ser também humildes; sim porque seduzir, cortejar sem humildade não dá certo.
Conquistar o outro, é a alegria do nosso EGO, é a declaração positiva dos nossos atributos, é sentir que temos ainda o q.b. para sermos aliciantes aos olhos de alguém.
Quem não gosta de ser seduzido? Acho que todos nós gostamos, e só os tempos pós-modernistas combatem os jogos de sedução e amor por atitudes ditas pragmáticas, objectivas, no sentido de .... "vamos directo ao assunto!!!!"
É bom cortejar, eu gosto de cortejar, e vice-versa. Mas sinto que hoje os tempos são de sensibilidades bem diferentes. são tempos do "fast-food" no amor.
A falta de rigor, a falta de cuidado, levam à banalização destes folclores, considerando-os até arcaicos, e com um cheirinho a ....... mofo!!!.
Tudo hoje é fácil, tudo está simplificado. Vivemos tempos de fundamentalismo simplista, em que nada compensa fazer já que o esforço é inútil, tudo está à mão.
Não mais procuramos impressionar, porque no sentido do tal fundamentalismo simplista isso não faz sentido.
Hoje tanto se conquista como se perde, e ficamos com a sensação amarga de que vivemos permanentemente "vitorias de Pirro" no amor. Aqui se ganha para logo ali se perder, e nada ficar.... é o espaço, o vazio, porque não houve a cultura do ritual de sedução, já que não fomos obrigados a descobrir no outro as coisas que o outro também não conseguiu descobrir em nós.
Tudo esta na relação do simples, do extremamente simples, e por isso, tudo esta banalizado.
Seduzir, cortejar são rituais que fazem com que nos empenhemos em nós mesmos, fazendo-nos sentir uma auto-estima, e uma auto-confiança que nos farão mais felizes na relação. Seduzir é compromisso, na assunção de que somos tal como nos damos, e nos condiciona de forma positiva e a manter o nível da conquista.
Num beijo, num acto de amor subsequente a sedução, tudo tem mais valor, mais significado, porque é por si a vitoria dos nossos atributos (qual Ego vaidosão!!!) sobre a banalidade.
Os tempos do pós-modernismo, que em alguns casos tocam o mau gosto, na palavra, no vestir, e que tudo cruza não tendo em conta qualquer sentido estético ou de bom gosto, enchem nossos corações de uma tristeza que nos mata, nos faz sentir tão comuns, tão banais, que por vezes sentimos vergonha de como algumas raças de animais cortejam, fazem a corte, seduzem enfim, seus parceiros num ritual incrível de alegria e paixão.
Hoje paixão é a modos que ser careta, bobo, um romântico, qual espécie zoológica extinta.... são pessoas com cheiro a mofo.!!!
Não concordo obviamente com isto, mas hoje há a sensação de que paixão é dos nossos avós, ser romântico é medieval, mas sentimos a falta de amor por aí, e de tal forma que acredito que a solidão é a doença do século, que nem os mais sofisticados meios de comunicação ajudam a vencer já que eles também são produto de uma sociedade em que acima de tudo valemos pelo que ganhamos e não pelo que somos.
Gosto de ver uma mulher bem feminina, charmosa, sem que contudo tenha que ser feminista.
Assumir o papel de Mulher, com todos os pormenores que isso acarreta no amor, na sedução, é a dignidade que vai voltando ao amor que parece que temos mas que realmente não temos.
Também peço para os Homens a postura do charme, educação e acima de tudo correcção, sendo gentis, dedicados, e cuidadosos no trato à mulher já que tenho para mim que viver sem sedução, ou cortejamento, sem amor, é como sermos "mortos-vivos".
À Mulher se pede que saiba "receber", e ao ao Homem se pede que saiba "dar"
Não ao machismo, não ao feminismo, sim ao bom gosto, sim ao amor bom, cultivado, seduzido, cortejado, sem abandono da dignidade que a cada uma das partes deve ser pedida.
O amor acabará por vencer, por mais que inventemos o "não-amor"!!!.